sexta-feira, 8 de novembro de 2013

4 de novembro de 2013

Que seja diferente*
Para que desta vez seja diferente. É isso que te pede: que desta vez possa ser diferente.
Vezes houve em que só ela acreditou. Foi a única a fazê-lo, vezes e vezes sem conta. A partir antes do sinal de partida – e a fazê-lo sozinha. A dar tudo – e a receber tão pouco. A dizer o que lhe corria nas veias e a escutar como resposta silêncios cheios de significado(s).
Sabes que hoje faz diferente: procura não avançar antes do sinal de partida e, mesmo quando o faz, não quer ser a primeira a chegar à linha da meta; dá pela metade; diz (muito) menos do que há para dizer e procura não ler os silêncios cuja interpretação lhe pode falhar. As palavras dos outros assustam-na. Ergueu em seu redor autênticas barreiras protetoras – não para impedir incursões alheias, antes para prevenir a sua própria saída.
Sabes que as barreiras  – como as histórias do passado – lhe pesam em cada um dos seus passos. Ganhou medos. Procura proteger-se, por vezes em excesso, abraçando os joelhos e enrolando-se sobre si mesma. E ela precisa, precisa mesmo, que desta vez seja diferente. Mas ela nunca to diria e tu também sabes disso. Sabes que se zangou contigo faz tempo, quando tu lhe deste todos os motivos para que o fizesse. E, de todas as oportunidades que te deu, o que retirou foi a conclusão de que não as merecias mais.
Talvez a possas surpreender, agora que não o espera de ti, e deixares que desta vez possa ser diferente. Mostrar-lhe que vai ser diferente, que é diferente. Que, mesmo sem pedir por favor, desta vez lhe vais dar o que quer.
* Texto publicado no blog A Vida em Posts, a 4 de novembro de 2013.

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